Como Putin poderá usar o primeiro-ministro eslovaco para proteger os activos da Rússia na UE e o que a Ucrânia deverá fazer

Em 8 de Novembro de 2024, na conferência de imprensa que se seguiu à cimeira da Comunidade Política Europeia, Volodymyr Zelenskyy levantou a questão do confisco das reservas congeladas do Banco Central da Rússia mantidas nas jurisdições dos aliados da Ucrânia.

“Podemos ficar com os 300 mil milhões de dólares que são nossos por direito? Podemos decidir de que armas necessitamos? Podemos decidir o que fazer com este dinheiro? Nenhum país europeu pode bloquear este dinheiro?” o presidente ucraniano perguntou apaixonadamente.

Esta declaração desencadeou efectivamente uma nova fase de discussões sobre o destino dos activos russos congelados. No início de 2025, estes debates tomavam frequentemente rumos inesperados. Leia mais no artigo de Ivan Horodysky, diretor do Centro Dnistrianskyi – Dinheiro para reconstrução ou guerra? O que a Ucrânia deve fazer para garantir o confisco bem-sucedido dos bens russos.

Poucos dias depois das declarações de Zelenskyy em Budapeste, Kaja Kallas, ex-Primeira-Ministra da Estónia e actual Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, fez uma declaração notável numa audição no Parlamento Europeu.

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Ela confirmou que a Ucrânia tem fundamentos legais para exigir compensação à Rússia e enfatizou a necessidade de os Estados-membros da UE superarem as dúvidas sobre o destino dos activos congelados.

Esta declaração de um alto funcionário da UE marcou um dos as mudanças públicas mais significativas no debate em curso sobre as reservas do Banco Central da Rússia congeladas nos bancos europeus nos últimos meses. Anteriormente, a questão do confisco destes bens tinha sido largamente evitada a nível oficial.

A posição oficial, repetidamente declarada pela UE e pelo G7, era que os activos permaneceriam congelados até ao momento abstracto em que a Rússia concordasse voluntariamente em compensar a Ucrânia pelos danos causados ​​pela sua agressão.

Embora não tenha havido mais anúncios oficiais de Bruxelas sobre este assunto, numerosos relatórios internos nos meios de comunicação sugerem que as discussões sobre o (não) confisco de activos russos estão de facto em curso.

Entre os países da UE que se opõem ao confisco, a Alemanha, a Bélgica e o Luxemburgo são os mais mencionados.

É claro que a Hungria e a Eslováquia, que demonstram as posições mais pró-Rússia na Europa, não podem ser ignoradas.

No entanto, este obstáculo poderia ser potencialmente mitigado por um único factor-chave – Donald Trump.

Se o presidente eleito dos EUA apoiar a ideia do confisco, poderá influenciar o seu principal aliado na UE, Viktor Orban, encorajando a Hungria a apoiar esta medida.

Num tal cenário, a maior incerteza nesta história continua a ser a possível posição da Bratislava oficial, que ainda não ficou totalmente clara.

O primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, poderá tornar-se o “curinga sobressalente” do Kremlin na UE.

Em Dezembro, surgiram detalhes de uma negociação a portas fechadas entre Zelenskyy e Fico, sendo um dos principais tópicos o destino dos activos russos congelados. Segundo o Politico, o presidente ucraniano teria oferecido compensar a Eslováquia com 500 milhões de euros em caso de perdas devido à cessação do trânsito de gás russo através da Ucrânia.

A compensação, segundo Fico, deveria provir de activos russos, enquanto em troca a Ucrânia esperava o apoio da Eslováquia à sua adesão à NATO.

A proposta de Zelenskyy à Fico poderia confirmar indirectamente a perspectiva realista de confiscar as reservas do Banco Central da Rússia a médio prazo.

Num futuro próximo, a tarefa do governo ucraniano deverá ser definir claramente o objetivo prioritário de utilização reservas do Banco Central da Rússia se estas forem confiscadas.

Isto constitui o terceiro elemento-chave da “fórmula de confisco”: fundamentos jurídicos (já estabelecidos), vontade política (conforme indicado pelas declarações de Kaja Kallas) e um propósito específico.

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