Na Ucrânia, não são apenas soldados profissionais que estão enfrentando o inimigo. Eles se juntaram a inúmeros civis que vestiram uniforme militar: motoristas e médicos, gerentes e engenheiros, contadores e trabalhadores da construção …
Isso é trazido para casa quando você ouve a história de Nataliia Hrabarchuk, um ex -professor do jardim de infância que abordou um míssil russo.
Em 17 de novembro de 2024, a Rússia conduziu mais um ataque aéreo em larga escala na Ucrânia, implantando 90 drones e 120 mísseis de vários tipos: zircões, iskanders, kinzhals … Ucrânia, as forças de defesa aérea da Ucrânia.
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Um desses alvos, um míssil de cruzeiro KH-101, foi abatido por Nataliia Hrabarchuk, um artilheiro antiaéreo na unidade de mísseis da 1ª Brigada Técnica de Rádio Halychyna e Volhynia do Air Command Zakhid (oeste). Você já deve ter visto o vídeo de seu tiro perfeito nas mídias sociais. Ele mostra Nataliia em pé no telhado de um prédio com um sistema de defesa aérea portátil da IGLA (Manpads) no ombro. Segundos depois, o míssil entra no céu, um caminho curvo de fumaça branca atrás dele. Nataliia se ajoelha para colocar o tubo de lançamento e se junta às mãos como se estivesse em oração silenciosa. Depois, há uma explosão.
“Você entendeu?” As outras mulheres se perguntam. Então, quando eles têm certeza, eles gritam com alegria: “Você entendeu! Natasha, você entendeu!”
Foi sua primeira missão de combate.
Nataliia Hrabarchuk conversou com Ukrainska Pravda sobre ir de professor de pré-escola para artilheiro antiaéreo, os desafios de derrubar um míssil que está viajando a uma velocidade vertiginosa e o que você perde e ganha quando escolhe ingressar no Exército.
O dela parece uma história simples, e nossa experiência como consumidores de notícias e mídias sociais em tempos de guerra nos tornou gananciosos por coisas interessantes. Mas às vezes é útil nos lembrar que nossa perspectiva é distorcida, que a habitualidade de um ato não diminui seu valor e que pequenas vitórias são os tijolos dos quais uma grande vitória é construída.
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Esperando por um alvo aéreo
Como é ser um artilheiro antiaéreo?
Caçar um míssil é como competir em um sprint de 60 metros. Você vai para a pista todos os dias, treina por meses na esperança de chegar ao campeonato. E quando você chegar lá, tudo é decidido pelos sete segundos após o tiro inicial que mostrará se você conseguiu ou não.
Um artilheiro antiaéreo tem ainda menos tempo: cinco segundos a partir do momento em que o míssil é detectado. Muito lento, e o alvo será perdido.
Para milhões de ucranianos, um aviso de ataque aéreo é um sinal para parar de trabalhar e se esconder. Para Nataliia hrabarchuk, significa exatamente o oposto: é hora de começar a trabalhar. Ela passa meses esperando em sua posição por um alvo aéreo. E quase sempre a espera termina em nada.
Mas às vezes há exceções. Às vezes, os sistemas de defesa aérea detectam um alvo voando em sua direção. Então Nataliia desliza sua Igla por cima do ombro e aguarda instruções.
O sistema pesa 18 kg (quase 40 lb). A parte mais difícil, diz Nataliia, é jogá -lo por cima do ombro. Isso é feito quando a distância entre o atirador e o alvo é reduzida para cerca de 10 km (pouco mais de 6 milhas).
Hrabarchuk descreve uma de suas missões mais difíceis: “Uma vez no inverno, a ameaça de mísseis durou cerca de nove horas. Estava tão frio que havia uma nevasca! Lembro -me de ter que levantar o míssil e não tinha forças”.
Mas uma vez que a Igla está no ombro, ela não sente o peso – a adrenalina assume o controle. A qualquer momento, seu parceiro poderia avisá -la de que um alvo está próximo. Assim que o alvo aparecer, você precisa realizar uma série de ações.
Você precisa “fazer um punção” – ou seja, conectar a bateria com um movimento nítido que inicia todos os processos nos Manpads. A fonte de alimentação dura apenas 30 segundos e, se você não atirar, não poderá usar a bateria novamente. Você também precisa definir o modo correto na arma, dependendo de o alvo estar voando em sua direção ou o míssil terá que acompanhá -lo (no último caso, ele recebe o impulso necessário). Finalmente, você precisa manter o alvo à vista para que a cabeça de casa possa detectar o calor dele. Só então você dispara o tiro.
Dominar o IGLA não foi fácil para Nataliia.
“Foi realmente difícil para mim aprender tudo isso. À noite, todo mundo no quartel iria para a cama e eu estava sentado lá estudando. Eu tive que recriar tudo na minha cabeça para entender como o míssil funciona. Não posso simplesmente fazer coisas de learro, tenho que entendê-lo. Então, tive que descobrir os detalhes”, diz Nataliia. “Mas eu sempre alcanço meu objetivo – sou teimosa.”
Existem três deles em sua equipe de tiro móvel. O chute de Nataliia no míssil russo foi coordenado por Valentyna Steblevets, de primeira classe privada. O olha maksymenko, privado de primeira classe, gravou em vídeo, e eram as palavras dela – “Natasha, você entendeu!” – Isso se tornou um meme na Ucrânia.
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Os anos do jardim de infância
“Imagine que você está visitando uma escola para conhecer os alunos”, sugiro a Nataliia. “A professora diz: ‘Filhos, isso é Nataliia – ela é um soldado.’ Ela pede que você conte a eles sobre você.
“Quando você vai ver crianças, você quer falar sobre algo bom”, responde Nataliia. “Eu contava a eles sobre como costumava ser professor. Eu realmente amei o que fiz.”
Nataliia Hrabarchuk passou quase dez anos ensinando crianças em um jardim de infância. Por que ela escolheu a profissão que só pode adivinhar agora. Talvez ela estivesse seguindo os passos de sua mãe, que trabalhou como assistente de professora. Ou talvez ela tenha sido guiada por considerações práticas: um professor sempre encontrará trabalho.
Nataliia nunca esquecerá seu primeiro dia. Ela havia sido designada para um jardim de infância em uma vila distante, o que significava viajar duas horas por dia. Ela tinha o grupo mais antigo. E a certa altura, uma de suas acusações de cinco anos decidiu que tinha idade suficiente para ir para casa sozinha. E lá fora, ela correu – “sobre o campo e através da madeira”. Nataliia notou que a criança estava faltando, chutou o salto alto em pânico e perseguiu o pé descalço.
Se as histórias de Nataliia sobre suas pequenas acusações fossem definidas para a música, seria a composição mais famosa de Yann Tiersen a cerca de um dia de outro verão – há tanta calor, ternura e nostalgia nessas memórias. Parece que Nataliia poderia falar sobre seu trabalho no jardim de infância por horas.
A coisa mais importante que as crianças a ensinaram foi ser feliz. Nataliia se apaixonou pelo sistema educacional estatal porque privava os filhos da felicidade.
“Eu vi crianças infelizes. Em nossos jardins de infância estatais, ainda temos o sistema educacional soviético velho, velho e desatualizado! Na maioria das vezes, tudo o que se segue a um modelo: todo dia deve ser agendado minuto a minuto. E quando as crianças não têm escolha, elas ficam infelizes”, diz Nataliia, diz certamente. “Uma criança no jardim de infância não pode dizer que não quer assistir a uma aula.
Se eles virem uma criança brincando no tapete porque você, como professor, decidiu cancelar as aulas naquele dia, elas podem puni -lo. Se houver uma lição sobre o cronograma, isso deve acontecer, e é isso.
E quando você vai contra o sistema, ele o empurra para fora. ”
“Não é um trabalho para as mulheres”
Os anos Nataliia passou trabalhando no jardim de infância eram um tempo de pobreza constante. Todo feriado de verão, ela ia para a Polônia para fazer trabalhos sazonais, o que lhe permitia pagar as dívidas que havia acumulado. É doloroso para ela admitir isso, mas ela nunca saiu de férias com a filha, não uma vez em sua vida.
Então, quando Nataliia começou a pensar em mudar de emprego, seu primo, um oficial de carreira, sugeriu que ela considerasse servir no exército. Isso foi antes da invasão em larga escala da Rússia. O Exército definitivamente pagou melhor do que ser professor.
Mas por causa de seu primo, Nataliia também estava bem ciente do outro lado de uma carreira militar.
“Eu me lembro – eu já tive minha filha até então – quando sua família estava começando. Sua esposa nunca o viu. Ele estava em uma missão de combate, ele estava indo para a linha de frente como comandante de pelotão, e sua esposa estava sendo levada ao hospital para dar à luz a primeira filha.
“Isso não é para as mulheres”, disseram os pais de Nataliia quando ela queria se juntar às forças armadas na nona série. Anos depois, quando a filha voltou à idéia de servir, eles disseram a mesma coisa: “Não é o trabalho de uma mulher”.
Só que desta vez Nataliia não os ouviu.
E como se seguisse o mesmo padrão, Nataliia foi confrontada pelos problemas que seu primo enfrentou.
“A única coisa que perdi foi o tempo com minha família”, admite Nataliia. “Quando entrei para o exército, era como se eu deixasse minha família.”
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“E o que você recebeu em troca do tempo que não passou com sua família?” Eu pergunto.
“Nem sempre se trata de conseguir alguma coisa. Olha, quando abatei o míssil, posso ter salvado a vida de alguém. Estou onde estou.
***
O pai de Nataliia ajudou a limpar depois de Chornobyl. Ele transportou concreto para a construção do sarcófago. Durante anos, Nataliia se perguntou por que ele estava tão relutante em falar sobre seu trabalho.
Ela só o entendeu após a invasão em escala em plena escala (em 24 de fevereiro de 2022, Nataliia saiu do chuveiro, viu a ordem de seu comandante em seu telefone e partiu para a unidade com o cabelo ainda molhado). Agora Nataliia prefere não falar sobre a guerra.
Mas quando seu tiro perfeito foi visto por todo o país, Nataliia teve que atender muitos telefonemas, repetindo este episódio da guerra repetidamente. Uma ligação enviou um calafrio na espinha – quando sua mãe tocou e deu -lhe uma alegria, porque não era dela que ela descobriu essa situação perigosa em que esteve envolvida.
Com o tempo, quando Nataliia começou a ver mais e mais vídeos de seus colegas hits de artilheiros antiaéreos, ela refletiu que o vídeo dela se tornando viral pode ter sido uma coisa boa, afinal.
“Eu disse às meninas: ‘Veja como nossos caras começaram a atirar depois disso. Eles derrubaram muitos alvos com Iglas. Talvez nós os tenha inspirado a acreditar em suas habilidades e se defender. Porque se Natasha pudesse fazê -lo, por que um homem que não pode carregar facilmente um Natasha nos ombros?”
Autor: Rustem Khalilov
Tradução: Myroslava Zavadska
Edição: Teresa Pearce
